E nossa matéria de hoje ê com a querida e super profissional Eveline Duarte. Ela acompanhou as minhas duas gestações e mesmo no RJ e eu aqui em SP continua me dando muitas dicas na terceira gestação. Estou feliz em ter uma matéria escrita por ela, que ama a sua profissão e ajuda as mamães e filhos a se alimentarem bem e com consciência.

A Dra. Eveline é formada em nutrição, Pós-graduada em nutrição pediátrica, especialista em nutrição materno infantil, personal diet e personal baby. Um pouco mais sobre o vasto currículo dela, você pode conferir aqui.

 

Alimentação na síndrome de Down

A rotina alimentar do portador da síndrome de Down pode parecer igual a qualquer outra pessoa, porém, já estamos muito avançados em pesquisas que relacionam uma correta nutrição para o desenvolvimento cognitivo, motor e organização do metabolismo.

Alimentação

Vamos falar da alimentação? O portador da síndrome de Down tem uma maior demanda de nutrientes porque possuem dificuldade de absorção pelo aumento da atividade celular. Por conta dessa característica, o ideal é que seu consumo seja aumentado, sim, aumentar o consumo de bons alimentos, nada de guloseimas excessivas, calorias vazias. E principalmente, evitar o consumo de substancias anti-nutricionais:

Fitato – substância que compete com a absorção de cálcio e ferro. Ex. grãos, cascas de oleaginosas. Uma dica é deixar os grão de molho na água por algumas horas, o próprio cozimento também reduz a quantidade.

Oxalato – substância encontrada em alguns vegetais, que dificulta a absorção de nutrientes . Ex: espinafre, beterraba, quiabo, entre outros.

O ideal é que a amamentação seja exclusiva até os 6 meses de vida, aumentando a saúde, evitando obesidade futura e outras doenças. Alguns portadores poderão ter dificuldade na sucção, um especialista poderá auxiliar a mãe com técnicas para que o desmame não aconteça precocemente. Após o 6° mês, o bebê poderá conhecer os alimentos sólidos, e com a ajuda de um fonoaudiólogo, ele irá treinar mastigação, deglutição e a melhor consistência para cada criança.

Crianças com síndrome de Down precisam de suplementação?

Especialistas já defendem o uso de suplementações específicas para melhorar desequilíbrios relacionados a síndrome e consequentemente melhorar a qualidade de vida.

Por conta disso, certos nutrientes devem ser ingeridos em níveis bem acima do recomendado para a população geral. Vitamina C, vitamina E, zinco, selênio, magnésio, ômegas e colina são exemplos de uma possível suplementação.

Um dos genes da terceira cópia do cromossomo 21 é responsável pela oxidação excessiva das células desses indivíduos e para combater essa superoxidação, uma alimentação balanceada e rica em antioxidantes é de extrema importância.

Mas, infelizmente, os antioxidantes provenientes dos alimentos não são suficientes para combater os danos causados. Por isso, o uso de suplementação através de fórmulas e vitaminas já está sendo recomendado.

Para que a suplementação nutricional seja feita de forma segura gerando resultados significativos e positivos, é necessário um acompanhamento para que o profissional reveja níveis de vitaminas, minerais e nutrientes.

Existe a hipótese, o que alguns especialistas ainda não estão convencidos, de que o portador da síndrome teria maior propensão a desenvolver alergias ou sensibilidades alimentares, glúten ou ao leite de vaca são os mais clássicos. E isso poderia interferir em questões comportamentais. Por isso, o ideal é uma avaliação individualizada.

A obesidade é uma regra na síndrome de Down?

O ganho de peso ainda é uma preocupação para os profissionais e para os pais.

Alguns portadores da síndrome tem dificuldade de mastigação, especialmente as crianças, e por conta, o consumo dos alimentos pode ser elevado pela não saciedade na refeição.  O acompanhamento com um fonoaudiólogo será bem vindo para progredir no processo da mastigação. Além disso, algumas crianças apresentam complicações cardíacas, o que dificultaria atividades básicas como brincar e correr, gastando energia da forma mais natural. Outra situação que facilitaria um ganho de peso excessivo é a hipotonia, ou seja, uma fraqueza da musculatura, o que também dificultaria o gasto energético. Porém, a obesidade já não é mais uma regra, os indivíduos com a síndrome estão bastante ativos por conta da evolução em fisioterapia, atividades motoras, já estão mais incluídos na sociedade onde participam de brincadeiras comuns a outras crianças além de se alimentarem melhor.

Alguns nutrientes importantes:

Ácidos graxos essenciais: Podem interferir positivamente no processo de mielinização, nas funções cerebrais.

Fontes alimentares: nozes, castanhas, semente de girassol.

Ômega DHA e EPA: ajudam na reprodução celular em áreas importantes do cérebro. O EPA é importante para evitar doença cardiovascular, além de melhorar o sistema visual.

Fontes alimentares: peixes, azeite de oliva, alga marinha, peixe iriko.

Zinco: mineral de extrema importância para o equilíbrio do metabolismo e está relacionado a diversas características fenotípicas da Síndrome. Pesquisas já apontam que a deficiência de zinco ou magnésio pode estar relacionada com sintomas comuns como o ranger dos dentes.

Fontes alimentares: carnes, semente de abóbora, ostras, amêndoa, alga marinha.

Curcumin: antioxidante, modulador de proteínas e ativador de neurogênese (criação de neurônios). Auxilia na redução de inflamações e neuro degeneração.

Fontes alimentares: cúrcuma ou açafrão.

Quercetina: ajuda na capacidade cerebral.

Fontes alimentares: alcaparras, pimentão amarelo, maçã com casca, trigo sarraceno, cebola roxa, romã.

Resveratrol: antioxidante poderoso que “varre” radicais livres inibindo a oxidação celular.

Fontes alimentares: casca das uvas.

Probióticos: equilibra a flora intestinal, melhora digestão e absorção de nutrientes evitando um desequilíbrio de micro-organismos no intestino (dibiose). Os probióticos também auxiliam no aumento de enzimas importantes para o aumento da disponibilidade de minerais.

Fontes alimentares: iogurtes, Kefir, leites fermentados.

Receitas

Trufas saudáveis

  • ½ xícara de tâmaras secas
  • ½ xícara de uva passa
  • ½ xícara de damasco seco
  • 1 colher de sopa de coco seco (preferência pelo próprio coco e não saquinhos)

ou 1 colher de sobremesa de óleo de coco

Bata em um mixer e reserve

  • ½ xícara de castanhas
  • ½ xícara de amêndoas
  • ½ xícara de avelãs

 

Preparo: Deixe de molho por 4 horas. Em seguida, triture todas as oleaginosas e misture com a pastinha das frutas secas. Você pode moldar em forma de trufas e passar no coco ralado ou na farinha de castanhas, ou pistaches. Com essa mesma massa, molde em uma forma de torta e coloque no forno por 10min. Depois, coloque uma massa de frutas dentro e leve novamente ao formo por mais 10min. Com essa mesma massa, faça um molde tipo de barrinha de cereal e leve ao forno.

Brigadeiro funcional

  • 2 xícaras de leite de arroz ou outro leite vegetal
  • 2 colheres de sopa de cacau em pó
  • 1 colher de sopa de semente de chia
  • 3 colheres de sopa de castanha de caju triturada
  • 1 colher de café de ágar-ágar (alga marinha)

Preparo: Em uma panela coloque o ágar-ágar no leite de arroz e leve ao fogo. Adicione o chocolate e mexa bem, sempre em fogo baixo, até que fique em ponto de brigadeiro mole. Quando atingir a consistência, adicione a chia e misture bem. Desligue o fogo e acrescente a castanha de caju triturada.

Iogurte caseiro

Ingredientes:

  • 1 litro de leite (pode usar leite sem lactose ou leite vegetal)
  • 1 potinho de iogurte natural (170g aproximadamente) ou 1 sachê de Lactobacilos (encontrado em lojas de produtos naturais)
  • 2 colheres de sopa de leite em pó (opcional)

Modo de preparo:

Colocar o leite em uma panela e levar ao fogo. Desligar assim que ferver. Se formar uma película, descarte-a. Deixar esfriar até o ponto que você consiga colocar o dedo no leite e ele se mantém bem quente, mas sem queimar seu dedo!

Coloque o copinho de iogurte no leite e misture. Feche a panela e envolva-a com algumas toalhas, para mantê-la aquecida.

Mantenha bem fechado por cerca de 8 a 10 horas em temperatura ambiente. Se estiver muito calor, ele pode ficar pronto antes, ou seja, quando ele atingir a consistência, está pronto.

Se você gosta mais consistente, basta você retirar o soro com uma concha e descartar. Guarde na geladeira em recipiente fechado.

Leite de amêndoas

  • 1 xícara de amêndoas
  • 4 xícaras de água filtrada

Deixe as amêndoas de molho por pelo menos 8 horas em recipiente fechado. Escorra a água e coloque no liquidificador as amêndoas e as 4 xícaras de água batendo bem. Em seguida, em um pano limpo e seco coe o liquido. Uma xícara de amêndoas rende 600ml de “leite”.

Leite de aveia

  • 500ml de água filtrada
  • 7 colheres de sopa cheias de farelo de aveia (pode ser aveia sem glúten)

Coloque a água para ferver e desligue o fogo, em seguida adicione o farelo de aveia e misture bem, deixe descansar por 20minutos. Bata no liquidificador e coe. Conserve em geladeira.

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